Vamos refletir um pouco sobre essa questão. Quando você pensa em mulher na tecnologia, o que vem a sua mente? E essa pergunta é importante para todes.
O seu pensamento de diversidade está incluindo quais mulheres? As brancas? As negras? As indígenas? As pardas? As amarelas? As mulheres dos mais diversos tipos de corpos?
Você só considera as mulheres cis? E as mulheres trans? Você lembra das mulheres com deficiência? Tem considerado as mulheres mais velhas e não apenas as mais jovens? E as mulheres que são mães? Ou que querem ser mães? Ou que não querem ser?
E aquelas que querem começar uma nova carreira na área, que tipo de suporte e oportunidade elas tem recebido da sociedade, das comunidades e do mercado?
Já parou para pensar se a sua homenagem ao dia das mulheres e às mulheres da tecnologia inclui aquelas que são do norte ou nordeste do país? Ou de quaisquer outras regiões do Brasil e do mundo?
Você homenageia também, com as suas palavras e emoções, as mulheres que creem em religiões diferentes das suas? Culturas e verdades diferentes das suas? Você se lembra de todas as raças? Todas as cores? Todas as histórias e experiências diferentes das suas?
E as mulheres LGBTQIAP+? Também fazem parte de toda a compaixão que você demonstra todo dia 8 de março ou elas estão apenas nas suas piadas sexistas com aquele seu grupinho racista, machista e misógino?
Quando foi que você se lembrou, de verdade, das mulheres de baixa renda? As que sofrem com a miséria das mais diversas formas? As que sofrem constantes violências? E as mulheres que você chama de loucas só porque elas lutam para conquistarem algo que já deveria ser delas?
Muitas pessoas por aí perguntam o que fazer para solucionar “o problema da falta de diversidade nas empresas” e em tantos outros lugares na sociedade. Como mudar a diversidade se raramente conseguimos encontrar lugares nos quais realmente nos sentimos pertencentes? Como mudar a diversidade se nem mesmo a nossa vida é respeitada? Como mudar a diversidade se não fazemos o exercício de perceber quem está ao nosso lado?
Ainda temos raízes muito profundas para quebrar. E apenas um “feliz dia da mulher” não alimenta a diversidade. Apenas uma “vaga para mulheres na empresa” não é uma oportunidade saudável. Precisamos ir muito além como sociedade para que deixemos de ser vistas como nos veem hoje: ou somos um nada, ou somos alguém para servir de token para o seu falso papo de diversidade, ou somos alvo de todo tipo de violência.
Como já disse, ainda temos raízes muito profundas para quebrar. Que continuemos sendo todas loucas o suficiente para quebrarmos cada uma dessas raízes.